sábado, 7 de maio de 2011
Cobaias humanas
04:53 | Postado por
Pedro Mello |
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40 mil brasileiros testam drogas, que ninguém sabe direito como funcionam, na esperança
por
André Bernardo
Há dois anos o carioca Marcos Luís Oliveira da Costa, 33, cumpre uma rotina quase militar. Toma um comprimido a cada manhã, faz exames de sangue, urina e teste para o vírus HIV a cada mês — quando também vai ao médico — e, em todos os trimestres, preenche longos questionários sobre comportamentos de risco. Marcos não está tratando uma doença. Ele é uma cobaia humana.
Como outros 349 voluntários brasileiros, o professor de história e geografia não ganha nada para testar se o Truvada, medicamento contra a infecção pelo vírus HIV, funciona bem ou provoca danos ao organismo. Ao todo, são 2.499 pessoas de seis países (Brasil, EUA, África do Sul, Tailândia, Peru e Equador) participando dessa pesquisa. O que Marcos, soronegativo, ganha com isso? Esperança de não ver mais gente passar pelo que quatro amigos passam na luta contra a Aids. “Se esse medicamento existisse há alguns anos, talvez eles não tivessem contraído o HIV. Farei o que eu puder para ajudar a prevenir essa doença”, afirma.
Como Marcos, existem 40 mil cobaias humanas no Brasil — ou, como preferem os especialistas, sujeitos de pesquisa. De aparelhos a remédios, de cosméticos a alimentos, nada é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sem, antes, passar por eles. “Sem voluntário, não há pesquisa clínica. Ele é tão importante quanto o pesquisador”, afirma o infectologista Mauro Schechter, chefe do Laboratório de Pesquisas em Aids do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro, ele próprio um ex-voluntário que, nos anos 80, participou de um teste nos Estados Unidos para a criação de uma vacina contra a hepatite B.
Como outros 349 voluntários brasileiros, o professor de história e geografia não ganha nada para testar se o Truvada, medicamento contra a infecção pelo vírus HIV, funciona bem ou provoca danos ao organismo. Ao todo, são 2.499 pessoas de seis países (Brasil, EUA, África do Sul, Tailândia, Peru e Equador) participando dessa pesquisa. O que Marcos, soronegativo, ganha com isso? Esperança de não ver mais gente passar pelo que quatro amigos passam na luta contra a Aids. “Se esse medicamento existisse há alguns anos, talvez eles não tivessem contraído o HIV. Farei o que eu puder para ajudar a prevenir essa doença”, afirma.
Como Marcos, existem 40 mil cobaias humanas no Brasil — ou, como preferem os especialistas, sujeitos de pesquisa. De aparelhos a remédios, de cosméticos a alimentos, nada é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sem, antes, passar por eles. “Sem voluntário, não há pesquisa clínica. Ele é tão importante quanto o pesquisador”, afirma o infectologista Mauro Schechter, chefe do Laboratório de Pesquisas em Aids do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro, ele próprio um ex-voluntário que, nos anos 80, participou de um teste nos Estados Unidos para a criação de uma vacina contra a hepatite B.
1 a cada 10 mil
Criar uma nova droga é um processo lento, caro e trabalhoso. Um remédio como o Truvada leva, em média, 12 anos até chegar às farmácias. De cada 10 mil moléculas descobertas com potencial terapêutico, só mil chegarão à fase de investigação pré-clínica, aquela com ratos de laboratório. Dessas mil, cerca de dez serão estudadas em seres humanos e, de todas essas, apenas uma nova droga chegará ao mercado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica (SBPPC).
A seleção de voluntários não é menos minuciosa. Paraplégico desde os 18 anos, quando sofreu um acidente de moto, o empresário Paulo Polido, hoje com 31, esperou um ano até ser aprovado num teste do Hospital das Clínicas de São Paulo. Para disputar uma das 30 vagas, ele e outros 250 candidatos foram submetidos a exames clínicos, médicos e psicológicos e avaliados segundo diferentes critérios de inclusão. “Fatores como idade, tempo de doença e tratamentos prévios, entre outros, são levados em conta”, afirma a bióloga Greyce Lousana, presidente-executiva da SBPPC. Do grupo aprovado para participar do protocolo em 2002, Paulo foi o único a notar melhora motora e recuperar sensibilidade fina — a capacidade de sentir um simples algodão umedecido sobre a pele. “Pesquisa clínica não é tratamento. O resultado foi satisfatório, mas não o esperado.”
A seleção de voluntários não é menos minuciosa. Paraplégico desde os 18 anos, quando sofreu um acidente de moto, o empresário Paulo Polido, hoje com 31, esperou um ano até ser aprovado num teste do Hospital das Clínicas de São Paulo. Para disputar uma das 30 vagas, ele e outros 250 candidatos foram submetidos a exames clínicos, médicos e psicológicos e avaliados segundo diferentes critérios de inclusão. “Fatores como idade, tempo de doença e tratamentos prévios, entre outros, são levados em conta”, afirma a bióloga Greyce Lousana, presidente-executiva da SBPPC. Do grupo aprovado para participar do protocolo em 2002, Paulo foi o único a notar melhora motora e recuperar sensibilidade fina — a capacidade de sentir um simples algodão umedecido sobre a pele. “Pesquisa clínica não é tratamento. O resultado foi satisfatório, mas não o esperado.”
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4 comentários:
Sim, e o remédio que só trazer um alivio imediato e não resolver o problema, só prolonga-lo é o que será escolhido.
ou simplesmnte o que demorar mais pra curar
mas "remédio que cura" é algo raro
(pra não dizer inexistente)
é verdade, agora que eu tava pensando, tipo, muitas doenças passam sozinhas né?
sim, mas tem ainda alguns remédios que curam, mas é aqueles que foram descobertos há séculos atrás, enquanto a farmaceutica ainda não tinha descoberto a melhor forma de explorar e ficar rica
sou portador da hepatite C, fui cobaia humana sem saber que estava sendo, desesperado pra ser curado o cara faz qualquer coisa, néssa ai eu me ferrei, tenho o genotipo I da doença, tomei interferon com ribavirina, tive varios efeitos colaterias, como se estivesse usado cocaina ou crack, quase morri, na minha opinião , o governo deveria pagar aos cobaias humanas para ser feitos os testes, mais como existe muitas pessoas desinformadas cobaia é o que não falta, geralmente a pessoa que contraiu a doença foi devido a marginalidade de uma forma ou de outra, não querendo discriminar os portadores da doença, pois sou portador, quem pega a doença é 5% por acidente, e o restante é promiscuidade, portanto quem planta tem que colher. agóra ser cobaia humana gratuitamente eu não concordo. pois o desconforto causado pelo uso do interferon associado a ribaviriba é coisa de louco, o maluco fica prostado em uma cama, como se tivesse na nóia , aguardando passar os efeitos para o proximo baque, o baguio é super louco, não estou colocando medo em ninguem, estou relatando um fato que aconteceu comigo, e quem não acreditar, é só experimentar, se eu tiver mentindo pode me processar.
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