terça-feira, 16 de novembro de 2010
Resgatando a Linguagem
13:14 | Postado por
Pedro Mello |
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Rodrigo Constantino, O Globo
“Quando as palavras perdem seu significado, as pessoas perdem sua liberdade.” (Confúcio)"
O uso adequado das palavras é essencial para a compreensão da realidade. A “linguagem serve para que os homens se entendam e se aproximem”, escreveu Mário Vargas Llosa. Por isso mesmo, aqueles que desejam inviabilizar o pensamento costumam escolher como principal alvo os conceitos das palavras. Os manipuladores deturpam a linguagem para lançar uma nuvem de poeira no raciocínio de suas vítimas.
Em “1984”, George Orwell chamou de duplipensar a “capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas”. O objetivo das autoridades seria a destruição do pensamento independente: "O poder está em se despedaçar os cérebros humanos e tornar a juntá-los da forma que se entender". Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força.
Para Orwell, uma linguagem com regras aceitas e mutuamente compreendidas, era condição indispensável a uma democracia aberta. Karl Popper defendia como um dever de todo intelectual "o cultivo de uma linguagem simples e despretensiosa". E foi além: "Quem não pode falar de modo simples e claro deve calar-se e continuar trabalhando até que possa fazê-lo". Para Isaiah Berlin, a meta da filosofia era sempre “ajudar os homens na compreensão de si mesmos e assim operar na claridade, e não loucamente, no escuro".
Infelizmente, várias palavras importantes perderam seu significado com o tempo. Democracia é um bom exemplo. Basta lembrar que as ditaduras socialistas se diziam “repúblicas democráticas”, ou que para o presidente Lula há “excesso de democracia” na Venezuela de Chávez. Democracia não pode ser a simples tirania de uma maioria manipulada. Ela pressupõe certas instituições sólidas. A mais básica delas é a liberdade de imprensa, tão ameaçada atualmente. O “controle social” almejado por alguns não passa de um disfarce para a velha censura.
Outro conceito bastante deturpado é justamente o de “social”, termo vago que acabou perdendo totalmente seu sentido objetivo. “Social” passou a ser uma palavra mágica, que cria automaticamente uma finalidade desejável. Qualquer meio para este “nobre” fim passa a ser justificável. “Tudo pelo social!”, clamam os autointitulados “progressistas”, que no fundo lutam sempre contra o verdadeiro progresso, fruto do capitalismo liberal.
O austríaco Hayek chegou a realizar um estudo com várias expressões terminadas em “social”. Sua conclusão foi que o termo se tornou extremamente confuso, servindo mais para prejudicar a compreensão do que para elucidar. Quando alguém fala em “movimentos sociais”, por exemplo, o que isso quer dizer na prática? Em inúmeros casos, tais movimentos abusam das leis e praticam atos violentos. O MST invade propriedades privadas, alegando lutar pela “justiça social”. Basta usar a palavra mágica que todo tipo de crime parece liberado.
Outro exemplo de mau uso da linguagem é o termo “contribuinte”, eufemismo que se refere aos pagadores de impostos. Como já diz o nome, imposto não é voluntário. Não somos felizes contribuintes que entregamos rindo quase a metade de nossa renda ao governo. Os americanos usam a expressão correta “tax payer”. Eles falam também “fazer dinheiro”, e não “ganhar dinheiro”, como nós. “Ganhar” dá a entender que o salário é um presente, uma espécie de direito divino, e não a contraparte de uma troca voluntária entre patrão e empregado.
Palavras fazem diferença na cultura de um povo. Mas mesmo os americanos não ficaram livres das manipulações de conceitos. A esquerda lá foi tão eficiente que usurpou até mesmo o termo “liberal”, que passou a ser associado a políticas claramente antiliberais, que pregam sempre maior intervenção estatal na vida dos indivíduos. No Brasil, o termo perdeu totalmente seu sentido, e nossos males são sempre jogados na conta do tal “neoliberalismo”. Porém, como disse Roberto Campos, o “Brasil está tão distante do liberalismo – novo ou velho – como o planeta Terra da constelação da Ursa Maior!”
Para Irving Babbitt, “o sofista e o demagogo florescem numa atmosfera de definições vagas e imprecisas”. Mário Vargas Llosa pensa que "chamar novamente o pão de pão e o vinho de vinho é indispensável, entre outras coisas, para que a liberdade de expressão faça sentido". Se desejarmos ser livres, precisamos antes resgatar a linguagem de seu cativeiro atual. Caso contrário, continuaremos reféns dos demagogos de plantão, que falam em “liberdade” enquanto expandem cada vez mais os tentáculos do Leviatã estatal.
Em “1984”, George Orwell chamou de duplipensar a “capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas”. O objetivo das autoridades seria a destruição do pensamento independente: "O poder está em se despedaçar os cérebros humanos e tornar a juntá-los da forma que se entender". Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força.
Para Orwell, uma linguagem com regras aceitas e mutuamente compreendidas, era condição indispensável a uma democracia aberta. Karl Popper defendia como um dever de todo intelectual "o cultivo de uma linguagem simples e despretensiosa". E foi além: "Quem não pode falar de modo simples e claro deve calar-se e continuar trabalhando até que possa fazê-lo". Para Isaiah Berlin, a meta da filosofia era sempre “ajudar os homens na compreensão de si mesmos e assim operar na claridade, e não loucamente, no escuro".
Infelizmente, várias palavras importantes perderam seu significado com o tempo. Democracia é um bom exemplo. Basta lembrar que as ditaduras socialistas se diziam “repúblicas democráticas”, ou que para o presidente Lula há “excesso de democracia” na Venezuela de Chávez. Democracia não pode ser a simples tirania de uma maioria manipulada. Ela pressupõe certas instituições sólidas. A mais básica delas é a liberdade de imprensa, tão ameaçada atualmente. O “controle social” almejado por alguns não passa de um disfarce para a velha censura.
Outro conceito bastante deturpado é justamente o de “social”, termo vago que acabou perdendo totalmente seu sentido objetivo. “Social” passou a ser uma palavra mágica, que cria automaticamente uma finalidade desejável. Qualquer meio para este “nobre” fim passa a ser justificável. “Tudo pelo social!”, clamam os autointitulados “progressistas”, que no fundo lutam sempre contra o verdadeiro progresso, fruto do capitalismo liberal.
O austríaco Hayek chegou a realizar um estudo com várias expressões terminadas em “social”. Sua conclusão foi que o termo se tornou extremamente confuso, servindo mais para prejudicar a compreensão do que para elucidar. Quando alguém fala em “movimentos sociais”, por exemplo, o que isso quer dizer na prática? Em inúmeros casos, tais movimentos abusam das leis e praticam atos violentos. O MST invade propriedades privadas, alegando lutar pela “justiça social”. Basta usar a palavra mágica que todo tipo de crime parece liberado.
Outro exemplo de mau uso da linguagem é o termo “contribuinte”, eufemismo que se refere aos pagadores de impostos. Como já diz o nome, imposto não é voluntário. Não somos felizes contribuintes que entregamos rindo quase a metade de nossa renda ao governo. Os americanos usam a expressão correta “tax payer”. Eles falam também “fazer dinheiro”, e não “ganhar dinheiro”, como nós. “Ganhar” dá a entender que o salário é um presente, uma espécie de direito divino, e não a contraparte de uma troca voluntária entre patrão e empregado.
Palavras fazem diferença na cultura de um povo. Mas mesmo os americanos não ficaram livres das manipulações de conceitos. A esquerda lá foi tão eficiente que usurpou até mesmo o termo “liberal”, que passou a ser associado a políticas claramente antiliberais, que pregam sempre maior intervenção estatal na vida dos indivíduos. No Brasil, o termo perdeu totalmente seu sentido, e nossos males são sempre jogados na conta do tal “neoliberalismo”. Porém, como disse Roberto Campos, o “Brasil está tão distante do liberalismo – novo ou velho – como o planeta Terra da constelação da Ursa Maior!”
Para Irving Babbitt, “o sofista e o demagogo florescem numa atmosfera de definições vagas e imprecisas”. Mário Vargas Llosa pensa que "chamar novamente o pão de pão e o vinho de vinho é indispensável, entre outras coisas, para que a liberdade de expressão faça sentido". Se desejarmos ser livres, precisamos antes resgatar a linguagem de seu cativeiro atual. Caso contrário, continuaremos reféns dos demagogos de plantão, que falam em “liberdade” enquanto expandem cada vez mais os tentáculos do Leviatã estatal.
Texto retirado do BLOG de Rodrigo Constantino, que merece ser divulgado.
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Postado por Pedro
2 comentários:
nossa o blog dele é muito bom.. favoritei!! valeu
esse tipo de doutrinação neurolingu~istica acontece desde o maternal, na escola...
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